"A coragem, certamente, não era considerada digna de ser contada entre as virtudes, a menos que exercida na causa da Honradez. Em seu Analects, Confúcio define a Coragem explicando, como é de seu costume, o que é sua negativa. 'Perceber o que é direito', diz ele, 'e não o fazer, argumenta falta de coragem'. Ponha este epigrama numa declaração positiva, 'Coragem é fazer o que é certo'. Correr todos os tipos de perigos, pôr sua vida em risco, atirar-se nas mandíbulas da morte - isso é frequentemente identificado como Valor, e no ofício das armas essa imprudência de conduta - o que Shakespeare chama de 'valor mal engendrado', é injustamente aplaudido; mas não assim nos Preceitos da Cavalaria. A morte por uma causa que não valeria por ela morrer, era chamada de uma 'morte de cão'. 'Atirar-se no coração da batalha e ser massacrado nela,' diz um Príncipe de Mito, 'é fácil o bastante e o mais simples plebeu é igual ao destacamento,' mas ele prossegue, 'é coragem verdadeira viver quando é direito viver, e morrer apenas quando é direito morrer' - e todavia o príncipe nunca havia ouvido falar no nome de Platão, que define a coragem como 'o conhecimento das coisas que um homem deveria temer e o que ele não deveria'. Uma distinção que é feita no Ocidente entre coragem física e moral, há muito tem sído reconhecida entre nós. Que jovem samurai não ouviu falar de 'Grande Valor' e do 'Valor de um Vilão'?"
Texto retirado do livro Bushido, a alma do samurai, escrito por Inazo Nitobe.
Abraços.
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