Este texto foi escrito pelo meu amigo Marcos Castro para o informativo de janeiro do Centro Cultural Georges Stobbaerts. Obrigado Marcos por disponibilizá-lo ao Munem Mushin.
Minha primeira sensação, ao ser convidado a escrever um artigo sobre o Iaido, foi de receio, um certo medo. Questionei-me sobre que condições teria de escrever sobre uma arte que permanece para mim um mistério, instigante e atraente, mas desconhecida. Ainda mais se os leitores deste artigo, em sua grande maioria, têm um conhecimento da matéria muito além do meu. Nada do que escrevesse lhes acrescentaria algo, interessaria. Então, concluí que deveria expor o que o Iaido representa para mim pois sobre isso apenas eu posso saber e comentar.
Quando, há cerca de 3 anos, foi comunicado que se formaria um grupo para estudar o Iaido, no Centro Cultural George Stobbaerts em Recife, logo me interessei e inscrevi. Se hoje pouco sei, na época nada sabia sobre esta arte. Havia visto algumas raras demonstrações. Mas, a oportunidade de aprender a manejar uma Katana me fascinava – talvez fosse um antigo sonho de criança a se realizar, inspirado no imaginário sobre cavaleiros e samurais das estórias que lia naquela idade.
No princípio, como no início de minha experiência com o Aikido, interessava-me a técnica simplesmente: empunhar a Katana, desembanhiar, respirar, cortar, respirar, manter a postura, respirar, embanhiar... Parecia fácil mas, o frustrante, é que (também) não era e ainda não é. Tinha que haver algo mais que os professores insistiam em mostrar e que eu não conseguia ver.
Ao mesmo tempo, tentei fazer paralelos entre a prática do Aikido e do Iaido. Comecei a sentir que o Iaido me ajudava no Aikido me dando mais equilíbrio, concentração e – paradoxalmente – uma sensação mais presente do combate e, ao mesmo tempo, mais tranqüilidade. Reforçou-se minha percepção de que há algo no horizonte que vale a pena ser descoberto – talvez seja o que os professores apontam – que possivelmente nunca seja alcançado mas que a própria busca guarda, em si, um valor que a justifica. Algo que tem haver apenas comigo, com cada praticante, uma questão pessoal e íntima, quase solitária. Estou convencido disso.
Essa busca é hoje meu interesse nesta arte. O Iaido é como o “caminho das pedras”, um mapa, que vou tentando desvendar pouco a pouco para me aproximar desse “algo” (não sei exatamente o quê) e que está sempre em um horizonte inatingível e que insiste em se afastar no mesmo ritmo que ando. Portanto, não adianta ter pressa. Devo usufruir do caminho.
Marcos Castro.
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