domingo, 21 de fevereiro de 2010

Nível Ético de Defesa em Combate

"A autodefesa, de acordo com o método do mestre Ueshiba, deve sempre cumprir certos deveres éticos...

... Na Linha A, o homem à esquerda, sem provocação e por sua própria iniciativa, ataca o outro e o mata. Eticamente, esse é o mais inferior dos quatro níveis - agressão espontânea na forma de um ataque direto.

Na Linha B, o homem à esquerda não atacou o adversário diretamente, mas provocou que este o atacasse. Pode ter sido uma provocação óbiva, tal como um comentário insultante, ou algo mais sutil como uma atitude de desdém. De qualquer forma, quando o outro homem é convidado a atacar, e o faz, ele é morto. Apesar de o primeiro não ser culpado pelo início do ataque em si, ele é responsável por incitar o outro a atacar. Há apenas uma diferença mínima entre a Linha A e a Linha B.

Na Linha C, o homem à esquerda nem ataca nem provoca o outro a atacar. Mas, quando atacado, ele se defende de forma subjetiva, ou seja, só se preocupa consigo, e o adversário é morto ou pelo menos gravemente ferido. Eticamente, essa ação é mais justificável que as outras duas. O que permanece em pé não foi responsável de nenhuma forma pelo ataque, seja direta ou indiretamente. No entanto, sua forma de defesa, ainda que o tenha protegido de um possível dano, resultou na destruição do outro homem. Como se vê, o resultado nas três linhas - A, B e C - é idêntico: um homem é morto.

Na Linha D, temos o máximo em autodefesa ética. Não tendo atacado ou provocado o ataque, o homem à esquerda se defende de maneira caracterizada por tamanha habilidade e controle, que o agressor não é morto. Nesse caso, ele não é sequer ferido gravemente.

Este último e mais alto nível é o objetivo de todas as de autodefesa de aikidô. Ele exige habilidade: o resultado da prática intensiva das formas técnicas de defesa deixadas pelo fundador, mestre Ueshiba. Mas ele exige mais que isso. Exige uma intenção ética. O homem precisa desejar sinceramente defender-se sem ferir os outros. Ele deve estar avançando no caminho da integração entre mente e o corpo, entre recursos físicos e motivações éticas. ...

... Conforme vimos, então, nesse nível ético, o aikidô surge como uma disciplina de coordenação, em que o homem desenvolve sua própria coordenação mental e corporal ao mesmo tempo em que ajuda seu parceiro ou parceiros a também desenvolverem-na.

A prática da arte do aikidô torna-se então uma interação harmoniosa entre duas ou mais pessoas, realizando a intenção do mestre Ueshiba pela tradução da mais elevada ética do Oriente (e também do Ocidente) em formas de conduta vitais e ativas."

Texto retirado do livro Aikidô e a Esfera Dinâmica, escrito por Adele Westbrook e Oscar Ratti.

Abraços.

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